terça-feira, 12 de outubro de 2010

EM ESTADO TERMINAL

Retrato do caos

Terminal Urbano é uma construção surrada pelo tempo e pela falta de manutenção
Reportagem do jornalista Marcelo Frazão do JL retrata a situação do Terminal já retrada pelo membro do Conselho Municipal de Transporte Carlos Siqueira desde o ano passado.

Quem passa pelas calçadas na frente do Terminal Urbano de Transporte Coletivo, antes tomadas por vendedores de lanches - agora cuidadas, acessíveis e com árvores - não imagina que lá dentro, onde diariamente circulam mais de 150 mil pessoas, ainda impera o improviso e a falta de cuidados com uma das maiores estruturas públicas de Londrina.

Com 23 anos de idade, o Terminal Urbano, cravado no centro de Londrina, é uma construção surrada pelo tempo e pela falta de manutenção. Situação que, pouco a pouco, compromete a boa funcionalidade, o uso e o conforto do local.

A escada rolante está quebrada há mais de um mês

O piso antiderrapante praticamente desapareceu das rampas

A escada rolante que liga os dois pisos, por exemplo, está há mais de um mês quebrada, após uma peça do rolamento deixar os usuários na mão. Somente agora a Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) conseguiu licitar a troca da peça, por R$ 8,9 mil – e uma outra empresa deve ser contratada para a manutenção permanente.

Enquanto a escada não volta a funcionar, sobrecarregando o uso do elevador – que também ficou dois meses parado no começo do ano – os problemas se espalham. Alguns são muito visíveis, como o péssimo estado de conservação de quase 50 totens com os indicativos das linhas. Riscados, desprezados, depredados, além dos usuários que vandalizaram as estruturas com assinaturas e dedicatórias de amor que desconsideram os bens coletivos, o próprio poder público ajudou a estragar mais um pouco: dezenas de adesivos, anúncios e avisos improvisados com mudanças nas rotas dos coletivos, pregados pela CMTU, e de campanhas anti-fumo, da Secretaria de Saúde, pioram o visual que já é bastante ruim.

Nas escadas movimentadas, nem sinal de que um novo piso antiderrapante será recolocado após anos de piso degradado. Em vários lances das escadas onde o piso ainda existe, parte está se soltando. Os banheiros são insalubres e a limpeza não dá conta porque a sujeita parece estar impregnada. No banheiro masculino, um dos mictórios está interditado. “Nem cabe todo mundo aqui”, reclama um motorista, na fila do sanitário. No banheiro feminino, o espelho quebrado é a lembrança clássica do abandono. “Só uso o espelho mesmo. Dá nojo entrar aí”, constata a dona de casa Armelinda Sanches Pena, todo dia no Terminal.

Próximo a uma das entradas, um barril de plástico armazena a água que escorre por fendas da velha estrutura. Faz companhia para um orelhão da Sercomtel arrancado e deixado no lugar para reafirmar o abandono. Enquanto isso, as grades de contenção para os pedestres não avançarem de uma plataforma a outra pelas pistas são “seguradas” por emendas de arame. E tudo descasca e enferruja no tempo, sem pedir autorização.

Estado é de abandono

O visual do Terminal Urbano é tão degradado que as paredes encardidas com a pintura velha, somadas ao piso deteriorado, diluem a sensação de que o local está até mesmo razoavelmente limpo. “Prefiro nem ficar olhando essas coisas. Procuro usar o terminal o mais rápido que posso e nem ficar muito tempo por aqui”, diz a auxiliar de restaurante Sandra Silva dos Santos, a caminho do Heimtal. “Claro que uma cidade como Londrina merecia um terminal muito mais bem cuidado”, concorda a amiga Edna Cangerana da Silva, doméstica.

CMTU: “Difícil de administrar”

Os planos de desativação do Terminal Urbano estão ficando para traz, explica a CMTU. “A localização atrapalha o trânsito de fato, mas não temos nenhum projeto para retirá-lo dali. As pesquisas indicam que mais de 80% dos passageiros vão para o centro porque precisam desembarcar lá mesmo”, diz André Nadai, presidente da companhia.

Gerenciadora do terminal, a CMTU acena com “uma grande e completa reforma”, mas ainda não estima prazos nem valores. “Já tínhamos o projeto, mas por questões de adequações na acessibilidade tivemos que refazer algumas partes”, diz Nadai. “Estamos ainda em fase de orçamento”. Ele afirma que o terminal “tem uma estrutura difícil de administrar” e que a CMTU tem buscado diminuir a necessidade de que mais passageiros se dirijam até lá, a partir das linhas diametrais que cortam Londrina sem passar pelo centro.

A reforma, segundo o presidente da CMTU, contemplaria novos banheiros, pintura e remodelação de todo o mobiliário interno. Por enquanto, entretanto, tudo é apenas uma expectativa.

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