quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

TARIFA DO ONIBUS

Valor 56% acima da inflação desde 94

‘É preciso haver responsabilidade para não penalizar setores produtivos’


Desde a implantação do Plano Real, em julho de 1994, até janeiro deste ano, a tarifa do transporte coletivo em Londrina foi reajustada em 462,5%. No mesmo período, a inflação acumulada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) ficou em 260,54%. Segundo cálculos feitos com exclusividade à FOLHA pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no Paraná, isso significa que quem anda de ônibus na cidade paga hoje 56% a mais do que toda a inflação acumulada nos últimos quase 15 anos.

Pelas contas do economista do Dieese, Sandro Silva, a tarifa teria que ser de R$ 1,44 se fosse consideração na composição do preço apenas o INPC. Porém, ele comenta que vários outros componentes precisam ser analisados e cita como exemplo o índice de passageiro por quilômetro rodado. É sabido que a cada ano menos pessoas usam o transporte coletivo e a Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) confirma que só em 2009 houve redução de 95 mil usuários do sistema.

Menos gente pagando significa custos maiores para quem explora o transporte coletivo. ''Nos anos 1990 a economia não crescia, a taxa de desemprego aumentava, a renda média do trabalhador caía e muitos deixaram o transporte coletivo. Nos anos 2000, sobretudo a partir de 2004, houve retomada do crescimento, o desemprego caiu e o trabalhador viu crescer seu poder aquisitivo, mas nem todos retornaram aos ônibus por conta das facilidades de acesso a carros e motos'', avalia Silva.

O presidente da CMTU, Lindomar Mota dos Santos, reforça que inflação sozinha não explica a tarifa e acrescenta que, além da queda de passageiros, o transporte coletivo em Londrina tem especificidades como salários maiores e carga horária menor em comparação com outros municípios e ainda há uma cláusula de lucro - 7% pago às empresas sobre o custo final da tarifa - no contrato de concessão.

Mas a situação incomoda o empresariado, que banca o ''vale transporte'' do trabalhador. O presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e Material Elétrico de Londrina (Sindimetal), Valter Orsi, reclama que os reajustes representam aumento direto de custos para a indústria: ''A tarifa é um custo expressivo porque representa até 6% do salário e, por isso, é preciso haver responsabilidade para não penalizar os setores produtivos de uma determinada região''. Ele afirma que ''quase a totalidade'' dos cerca de cinco mil metalúrgicos usa o transporte coletivo par ir e voltar do trabalho.

A assessoria do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo de Londrina (Metrolon) também arguiu que ''inflação não é o índice apropriado para indicar a necessidade de reajuste''. ''Pode ocorrer que, em um período de 12 meses, a inflação seja de 0% e, mesmo assim, exista a necessidade de reajustar a tarifa'' pois outras condições podem exigir essa recomposição como o crescimento da área urbana e criação de novas linhas, aumento da frota e queda da demanda de passageiros.

FONTE:FOLHA DE LONDRINA
Luciano Augusto
Reportagem Local

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